
Projeto «NFT – Moeda Portuguesa»
Decorreu no final de Fevereiro, no edifício da NOVA Lisbon School of Business and Economics, em Carcavelos, uma ação de formação associada ao mais recente projeto da Imprensa Nacional-Casa da Moeda na área das tecnologias digitais: o lançamento da primeira moeda de coleção, dedicada ao «mundo digital», associada a um non-fungible token (NFT). Os módulos da ação de formação foram lecionados por Leid Zejnilovic, Bruno Horta Soares e Miguel Bello, tendo como pano de fundo a importância do blockchain, da economia de token e dos modelos de negócio associados à tecnologia NFT.
O blockchain é uma tecnologia que utiliza uma base de dados funcionando em tempo real, baseada na ideia de transação. Embora contando cerca de setenta anos, a sua aplicação é recente e está associada a vários problemas: a transação, a propriedade, a relação de confiança, a gestão por código e o mercado do futuro. Utilizá-la é estabelecer uma correlação entre proveniência, pagamento, identidade, contratualização e compromisso. Os computadores funcionam como uma comunidade cuja função é verificar a base de dados subjacente às transações. Há regras que definem como os pares chegam a um acordo quanto às transações, substituindo a existência de uma autoridade central e estabelecendo um novo princípio de verdade. Nesta tecnologia, a informação é sempre acrescentada e nunca pode ser apagada.
Mas há outros elementos que importa ter em conta: o registo das transações, a transferência dos valores, a estrutura dos dados, os aparelhos eletrónicos que mantêm e distribuem uma cópia do registo em blockchain, assegurando que os dados estão sincronizados, ou até mesmo a criptografia assimétrica que se constrói a partir deste complexo sistema e que permite que os indivíduos utilizem uma chave privada para desbloquear o seu acesso e uma chave pública com outros agentes envolvidos nas transações. A entidade é sempre o utilizador do blockchain ou a organização que está por detrás de uma transação.
E que problemas se levantam com a aplicação desta tecnologia à economia de negócio e de criação de valor? A função do blockchain não é criar uma realidade, mas sim transformar a que pré-existe com base numa estratégia e num programa. Há que saber o que quer o mercado, se o negócio pode ser implementado e até se se pode ganhar mais dinheiro com ele do que o que foi nele investido. A economia de token é a expetativa de um ativo em relação ao qual existe oferta, procura e vontade de troca, mas o foco são sempre as pessoas e os comportamentos humanos e já não os princípios económicos assentes no primado da racionalidade.
Na era dos negócios digitais, esta tecnologia põe o seu enfoque em outcomes claros e mensuráveis, facilitando desta forma o processo de transformação das organizações e tornando estes negócios viáveis a longo prazo. Neste sentido, aplicá-la é ter em conta os seus efeitos na relação com a criptoarte, a inteligência artificial e o metaverso. Para uma instituição como a INCM, cuja missão é inovar, este tema levanta várias questões, as mais relevantes das quais passam por compreender a lógica subjacente aos mercados e as estratégias que devem ser adotadas na produção de uma moeda associada a um NFT.